Transitamos
Deve ser o amor alguma espécie de transição e permanência infinita.
Transitamos enquanto gente, enquanto sopro, enquanto suspiro.
Modifica-se o passo, o espaço, o desejo, o mistério.
Vão-se as dúvidas, os receios, os tropeços.
Voltam as vontades, novas e velhas, enquanto transitam dentro daquilo que acreditamos ser.
Acreditamos. Ainda que por um instante, somos.
E assim, permanecemos.
Colocamo-nos no outro enquanto parte, enquanto saliva, enquanto amplitude dos olhos.
Moramos, quase como perfeito inteiro, dentro daquilo que carrega o outro em algum
pequeno ou extenso,
pedaço.
Modificamos o próprio inteiro enquanto reconstruímos cada intensa parte.
Preenchemo-nos entre o vazio e a criação e ainda assim,
permanecemos.
Deve ser alguma espécie de transição e permanência infinita,
toda e qualquer intensa, fluida e inesgotável sensação
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