Próprio céu
Quanto da gente cabe em uma porção de linhas tortas e outras tantas palavras ao léu? Tem pele que, num segundo, abriga mais que a eternidade que se expande numa folha de papel. Antes que o mundo lhe escape aos olhos, fica, faz do corpo o teu poema, um sopro sem rimas, quente, feito nuvem que se rasga e reconstrói o próprio céu.
Há que se empanturrar de riso,
ainda que já não saibamos o tempo certo de fincar os pés no chão
ou soltá-los bem ao céu.
E ainda em sonho, seria assim, feito passarinho de papel.
Batendo asas entre mãos bem pequenas e os olhos, altos,
querendo também ser pássaro de céu.
O corpo que sente escorre a antiga pele
através da verdade que ao tempo nos sai.
Por trás da vontade entre o gosto que cansa
e se arrasta [mas nunca se esvai].
Seremos a gota, o ponto do tempo, a espera silenciosa de cada parte que,
insistentemente, nos cai.
Seremos inteiros em cada pedaço.
E mais do que nunca, seremos o todo do tempo,
de todo o tempo que aos poucos [nos vai]
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