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Foto do escritorIsabella de Andrade

O caminho de casa, Yaa Gyasi



Quantas escritoras negras você já leu? Eu adoro me dedicar ao trabalho de falar sobre a produção criativa e a escrita de mulheres. Elas costumam ser a minoria nas estantes e em listas de grandes clássicos. Aos poucos, equilibraremos esse quadro. Enfim, pare para pensar em quantas escritoras negras você já leu e em quantos livros escritos por autoras negras você tem na sua estante.


O desequilíbrio costuma ser ainda mais sintomático. A literatura também busca e precisa de representatividade e diversidade de olhares, trajetórias e narrativas. Hoje, no Dia da consciência Negra, escolhi falar um pouco do livro O caminho de Casa, da escritora Yaa Gyasi.


Fiz essa leitura ainda antes de me mudar para São Paulo, como indicação do clube de leitura Leia Mulheres de Brasília. A ideia era abrir o olhar para mais escritoras e também para autora de outros países, buscando ampliar os nossos horizontes e conhecer histórias que partem de lugares diferentes.


Yaa Gyasi nasceu em Gana. O caminho de Casa é seu romance de estreia, que logo se tornou uma obra muito comentada e prestigiada em diferentes lugares do mundo. Enfim, a narrativa forte da autora começa no século XVIII. Ela se passa em uma tribo africana, e vai até os Estados Unidos dos dias de hoje.


Ela mostra as consequências do comércio de escravos dos dois lados do Atlântico ao acompanhar a trajetória de duas meias-irmãs desconhecidas uma da outra, e das gerações seguintes dessa linhagem separada pela escravidão.


Acompanhamos a trajetória das duas irmãs, Effia e Esi. Enfim, o quanto a vida de cada uma vai tomar rumos diversos a partir dos caminhos que vão percorrer desde a infância. Enquanto uma se casa com um senhor de terras britânico, a outra é vendida como escrava para os EUA. Entre as páginas de O caminho de casa, caminhamos por calabouços e campos de plantação. Ao acompanhar diferentes gerações na história, entendemos como a escravidão e o colonialismo mudaram gradualmente ao longo dos anos.


A história destaca o quanto alguns fatos do nosso destino, que estão fora do nosso controle, podem afetar drasticamente a trajetória de vida. Como o lugar onde nascemos, por exemplo. Ou como a nossa família vive e trabalha. Conhecemos a narrativa através das vidas dos descendentes de Effia e os de Esi.


Acompanhamos sete gerações períodos de tempo divididos entre antes e depois da escravidão, em dois cenários: Gana e Estados Unidos. É possível ver de perto o olhar dos homens brancos para os homens negros e as consequências da escravidão.


Por fim, a leitura foi potente. A autora trata todos esses temas de maneira leve, com uma escrita extremamente fluida. O Caminho de Casa rendeu à autora de 27 anos o prêmio PEN/Hemingway de melhor romance de estreia.

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