Nimona, a encantadora heroína-vilã [Resenha e sensações literárias]
Posso dizer que me apaixonei por Nimona, de Noelle Stevenson, antes mesmo de começar a história. A heroína de pernas grossas e asas pontudas na capa acompanha a pequena descrição colocada na dedicatória da autora, antes das páginas de quadrinhos: “Para meninas monstros”. A descrição pequena e poderosa abarca uma porção de mulheres e meninas que se sentem diferentes, deslocadas e totalmente fora dos padrões. Ouso dizer que toda menina já se sentiu uma menina monstro.
Nimona é uma metamorfa que sonha em ser uma grande vilã. Forte e decidida ela bate na porta do maior vilão do reino, Ballister Coração Negro, e se oferece para ser sua nova assistente e comparsa. A singela relação construída entre os dois conduz a narrativa de maneira divertida, surpreendente e um tanto emocionante.
Ao longo das páginas, descobrimos que Ballister não é tão mal quanto parece (ou tenta parecer), sendo mais justo que muitos guerreiros do reino. A bondade do malvado vilão aparece em contraponto com a maldade do aparentemente bondoso Sir Ouropelvis. As aparências enganam e Stevenson deixa claro sua vontade de desmascarar os padrões que determinam o que é certo e o que é errado.
Nimona, heroína além das páginas
A história foi publicada originalmente como uma webcomic e reúne uma protagonista mulher, escrita e ilustrada por uma mulher. Com cores fortes e um cenário medieval, Nimona nos leva a passear entre dragões, explosões, tubarões, arqui-inimigos e ciência. A heroína fora dos padrões luta ao lado daquilo que acredita e passa por importantes transições emocionais e autodescobertas. Nimona é uma menina, um tubarão, uma raposa, um gato e o que mais ela desejar. Afinal, somos tão mutáveis quanto desejamos ser.
A história, leve e cheia de aventura, mostra um roteiro surpreendente e sensível. Nimona fala de aceitação, autoestima e transformações internas sem ser didática. Mostra relações inacabadas e como assuntos mal construídos e pouco dialogados podem criar monstros. Nimona, Ballister e Ouropelvis se unem na luta por trás de segredos que rondam a oficial Instituição de Heroísmo e Manutenção da Ordem. Assuntos inacabados e desentendimentos do passado voltam à tona e ganham um olhar mais maduro através do diálogo de seus personagens.
Enquanto isso, acompanhamos a desastrada Nimona, que transita entre a menina ingênua, a adolescente rebelde, a jovem que explode com a chegada de seus próprios monstros e a mulher forte que compreende seus erros e acertos, vivendo bem dentro da própria pele (ainda que ela seja macia ou formada por duras escamas). Nimona é forte e capaz de encantar fãs de quadrinhos, de histórias medievais de aventura e menina sedentas por protagonistas fortes e fora dos estereótipos.
A força e o encanto de Noelle Stevenson
Permitir me aventurar pelo universo dos quadrinhos tem me trazido gratas surpresas. A história criada por Noelle Stevenson é uma delas. Pela criação de Nimona, a autora e ilustradora foi premiada com um Eisner Award, ganhou o Slate Cartunist Studio Pride de Melhor Web Comic e foi indicada para o Harvey Award. É também criadora da reconhecida série Lumberjanes e já colaborou com publicações da Disney, da Marvel e da DC Comics.
Ficha técnica do livro Título: Nimona Autora: Noelle Stevenson Ilustrações: Noelle Stevenson Tradutora: Flora Pinheiro Editora: Intrínseca Ano: 2016 Gênero: Ficção Americana Páginas: 272
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