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Foto do escritorIsabella de Andrade

Mundos de uma noite só, Renata Belmonte


Mundos de uma noite só, primeiro romance de Renata Belmonte, que já se aventurava pelos contos, foi desses companheiros de leitura sem pressa.⠀

Andei com ele por alguns bons dias entre fins de almoço, parques e metrôs, experimentando uma narrativa que sabe ser coerente, mas sem precisar entregar tudo de forma tão explícita, abrindo espaço para as construções e recriações possíveis entre livro, autor e leitor.⠀

É a experiência interna de suas personagens que vai desfiando o novelo da história, mostrando uma mulher que busca sua história enquanto, em uma atmosfera melancólica, nos leva a acompanhar de perto o seu próprio passado. ⠀

É um romance de formação que nos convida a fazer uma leitura muito atenta, observando nos detalhes o que é específico a cada leitor.⠀

Uma frase, logo ao início do romance, mostra muito do que vamos acompanhar ao longo das páginas: “Na casa onde cresci, não havia fotografias com homens”. ⠀

É essa busca pelo feminino, rodeada por ausências e por um aprendizado do que é tornar-se mulher, um dos eixos centrais da narrativa e, aliás, o meu meio elo de conexão com o livro de Renata.⠀

Existe ainda um trânsito constante pelo ideal de beleza feminino, pela busca quase sutil, ainda que imposta e fixa, por um padrão imposto. ⠀

Existe ainda um livro dentro do livro, um espaço narrativo chamado Uma valsa para o esquecimento, que se mistura à narrativa principal e nos faz mergulhar mais a fundo na história de vida e dos antepassados daquela mulher. Raízes e experiências internas se entrelaçam.⠀

Renata transita por um período histórico mais distante, chegando até a ditadura, e mostrando o quanto ela imperava nos valores e no cotidiano de homens e mulheres de seu tempo. ⠀

Mundos de uma noite Só é um romance para ler com calma, experimentando com olhar atento e cuidadoso cada detalhe e ramificação possível da história. ⠀

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