Mundos de uma noite só, Renata Belmonte
Mundos de uma noite só, primeiro romance de Renata Belmonte, que já se aventurava pelos contos, foi desses companheiros de leitura sem pressa.⠀
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Andei com ele por alguns bons dias entre fins de almoço, parques e metrôs, experimentando uma narrativa que sabe ser coerente, mas sem precisar entregar tudo de forma tão explícita, abrindo espaço para as construções e recriações possíveis entre livro, autor e leitor.⠀
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É a experiência interna de suas personagens que vai desfiando o novelo da história, mostrando uma mulher que busca sua história enquanto, em uma atmosfera melancólica, nos leva a acompanhar de perto o seu próprio passado. ⠀
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É um romance de formação que nos convida a fazer uma leitura muito atenta, observando nos detalhes o que é específico a cada leitor.⠀
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Uma frase, logo ao início do romance, mostra muito do que vamos acompanhar ao longo das páginas: “Na casa onde cresci, não havia fotografias com homens”. ⠀
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É essa busca pelo feminino, rodeada por ausências e por um aprendizado do que é tornar-se mulher, um dos eixos centrais da narrativa e, aliás, o meu meio elo de conexão com o livro de Renata.⠀
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Existe ainda um trânsito constante pelo ideal de beleza feminino, pela busca quase sutil, ainda que imposta e fixa, por um padrão imposto. ⠀
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Existe ainda um livro dentro do livro, um espaço narrativo chamado Uma valsa para o esquecimento, que se mistura à narrativa principal e nos faz mergulhar mais a fundo na história de vida e dos antepassados daquela mulher. Raízes e experiências internas se entrelaçam.⠀
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Renata transita por um período histórico mais distante, chegando até a ditadura, e mostrando o quanto ela imperava nos valores e no cotidiano de homens e mulheres de seu tempo. ⠀
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Mundos de uma noite Só é um romance para ler com calma, experimentando com olhar atento e cuidadoso cada detalhe e ramificação possível da história. ⠀
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