Mulheres nos quadrinhos reforçam produção além dos estereótipos
Mulheres nos quadrinhos ocupam cada vez mais espaço no mercado e ampliam a identificação feminina nas tirinhas.
A presença das mulheres no quadrinhos já é constante no meio e desde o século 19 quadrinistas mulheres garantem sua presença em um universo que se torna cada vez mais amplo. Sendo simultaneamente desenhado, escrito e consumido também por elas. As personagens femininas ganham, enfim, novos enredos, contrastes e personalidades e a figura unicamente sensual já não convence suas leitoras cada vez mais ávidas. Publicações inspiradas em histórias reais de mulheres fortes e novos modelos de heroínas e protagonistas confirmam ainda mais a tendência e os novos rumos das histórias ilustradas.
Por fim, o impulso e a ajuda de divulgação pela internet, diversos trabalhos femininos de HQ ampliam seu espaço. É o caso do coletivo Ladys´s Comics, do Mulheres nos quadrinhos, da autora Alexandra Presser, e outras tantas publicações de qualidade que conquistam o espaço físico e virtual.
(Imagem: Lady’s Comics) Aproveite para conhecer o site delas: http://ladyscomics.com.br/
O coletivo Lady´s Comics conquista seu espaço através do site que serve como plataforma de divulgação e mostra de trabalhos por todo o país. Frequentemente, a internet tem servido como trampolim para que quadrinistas divulguem suas obras e, no meio virtual, o número de homens e mulheres nos quadrinhos que escrevem e desenham suas histórias é cada vez mais próximo.
Vale destacar que o projeto criou um banco de dados para reunir mulheres quadrinistas: http://ladyscomics.com.br/bamq
Mulheres nos quadrinhos e um novo olhar para as histórias
A ilustradora Alexandra Presser, de Florianópolis, aproveitou da mesma forma o espaço para publicações independentes. Ela lançou recentemente a HQ Arroz, que fala sobre mudanças e amizades. Por fim, Ale destaca que o crescimento e a aceitação dos quadrinhos brasileiros cresceu muito nos últimos 10 anos, fato que beneficia também o surgimento de novas mulheres nos quadrinhos.
Diversos quadrinhos de boa qualidade, escritos e ilustrados por mulheres, mostram para as leitoras que elas também devem ser representadas e mostram para os leitores que as mulheres não são bidimensionais. Se continuarmos avançando, os estereótipos femininos das histórias serão ultrapassados.Tais estereótipos são, inclusive, um dos pontos mais trabalhados pelas autoras.
Ale Presser e sua HQ: Arroz
Ale gosta de escrever sobre o cotidiano, sobre fatos que acredita que farão alguma diferença na vida dos leitores. Logo, a autora conta que sente orgulho de quadrinistas que estão na frente de batalha, como a Petra Leão, que escreve para a Turma da Mônica Jovem e trabalha sempre a favor da igualdade de gêneros, ou a Kaol Porfírio, com suas ilustrações de personagens femininas fortes.
Entre as protagonistas femininas das HQs feitas por mulheres nos quadrinhos destacam-se, enfim, Persépolis e Olympe de Gouges, dos livros homônimos e baseados em histórias reais. Além deles, a recente heroína com inclinações para vilã Nimona, da jovem autora Noelle Stevenson, também conquista seu espaço no mercado.
Entre os três quadrinhos, criados a partir de estilos de desenho e escrita diferentes, encontra-se em comum o fato de que suas personagens principais são mulheres fortes e bem desenvolvidas. Elas têm, enfim, personalidades que saem da bidimensionalidade. Simultaneamente, trazem histórias que se desenvolvem a partir de suas próprias ações e vontades. Enfim, são personagens que mostram, enfim, autonomia e firmam-se como a representação de mulheres reais e não estereotipadas.
Algumas histórias
Persépolis é, a princípio, a história de Marjane Satrapi, uma iraniana que viu seu país ser virado do avesso a partir de 1979, com a revolução islâmica. Em meio a situação complicada do país, a biografia em forma de HQ é forte. Ela revela, por fim, o lado civil e cotidiano em meio a uma revolução militar e transformação cultural violenta da guerra.
Olympe de Gouges é uma das HQs mais elogiadas nos últimos tempos na França e conta a história de Marie Gouze, mãe e
viúva que se inspirou nas ideias libertárias de Rousseau para redigir em 1791 a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, reivindicando a igualdade entre os sexos e o direito ao voto. A HQ foi escrita e desenhada por José-Louis Bocquet e Catel Muller.
Nimona é protagonizada por uma valente anti-heroína que quebra os padrões que cercam uma jovem mulher. A personagem é, enfim, uma metamorfa que tem o sonho de ser comparsa de Lorde Ballister Coração-Negro. Ele é, por fim, o maior vilão que já existiu. A história mistura, simultaneamente, magia, ciência, ação, humor e reflexão. Foi escrita pela premiada quadrinista Noelle Stevenson.
Serviço
Arroz
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Autora: Ale presser
Preço médio: R$ 30
Edição independente
Número de páginas: 88
Persépolis
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Autora: Marjane Satrapi
Preço médio: R$ 30
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 352
Nimona
Autora: Noelle Stevenson
Preço médio: R$ 32
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 272
Olympe de Gouges
Autores: José Louis Bocquet e Catel Muller
Preço médio: R$ 81
Editora: Record
Número de páginas: 488
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