top of page
Foto do escritorIsabella de Andrade

Interminável

No abismo interminável ao alcance dos olhos seria então possível entregar-se outra vez ao que aprendíamos a chamar de paz. Sem tentativas de fuga, ouvidos fechados ou palavras desenganadas. Entregar-se ao vazio do vento sempre fora a maneira mais sincera de pertencer outra vez ao próprio estado, não necessariamente lúcido, mas vazio de dúvidas ou qualquer reclame por atenção. Esvaziar-se ao som inseparável da própria respiração, mais eficaz e excitante que qualquer risada forçosamente disparada. Era então outra vez gente, era então outra vez menino, outra vez ágil e capaz de todos os sonhos do mundo. Sorria ao lado, em um abismo pouco distante, um rosto ameno, enrugado e tranquilo. Não nos falaríamos, permaneceríamos serenamente distantes, respirando a compreensão da busca individual que pulsa de qualquer indivíduo que entende-se como andarilho só. Assim somos todos. Outro gole gelado de água, aliviando de maneira extravagante o instante de deixar-se esquecer ao sol.

1 visualização0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Tão bom

Era só mais um tantinho de nada, pensativo e perdido em um instante qualquer. É isso o pensamento sem crença, sem sonho, um tantinho de...

Há ainda

Existências sentadas, quase conformadas. Haveria de ser a mesmice a eterna solução? Não. Há ainda os olhos que se encontram e a vontade...

Pelos olhos de ver o mar

Havia o tempo da descoberta, da reinvenção, do riso e de outro despertar. A gente tenta fugir do tempo, impassível, constante, fiel, e...

Comments


bottom of page