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Foto do escritorIsabella de Andrade

Geladeira do Livro se espalha pelo cerrado e chega até a Chapada dos Veadeiros

Atualizado: 5 de fev. de 2021

Eu adoro encontrar novos autores e projetos literários nos lugares que visito. Conheci o projeto Geladeira do Livro em 2016, quando soube de uma nova instalação que seria feita na Ceilândia. Fiquei feliz em perceber que o projeto se expandiu e chegou até a Chapada dos Veadeiros. Ao caminhar pelas simpáticas ruas da vila de São Jorge, encontrei uma geladeirinha colorida e cheia de livros. Ela fica bem no centrinho da cidade. Com o objetivo de possibilitar e aumentar o acesso à literatura para cada vez mais moradores do Distrito Federal, o projeto Refresque ideias – geladeira do livro, enche cada vez mais prateleiras de histórias. O nome varia entre Geladeira do livro e Geladeira literária.

Geladeira Literária que encontrei lá na Chapada


A ideia principal é, enfim, reutilizar geladeiras velhas, transformando-as em bibliotecas comunitárias gratuitas e as regras são simples: qualquer pessoa pode doar livros ou pegar para ler e devolver quando quiser. O importante é fazer os livros circularem e encontrarem leitores de todas as idades e regiões do DF e seus arredores. Além disso, em uma rápida pesquisa, é possível perceber que as famosas geladeiras têm se espalhado por cantos diferentes do país.

Por fora, cada geladeira é trabalhada com desenhos feitos por grafiteiros e artistas da própria comunidade onde ela será instalada. Além de promover o hábito da leitura, o projeto pretende incentivar a relação dos moradores com as praças e espaços públicos de onde vivem, possibilitando mais encontros, além da troca de experiências e aprendizado.

Lucas Rafael, 32, é baiano radicado em Brasília e um dos produtores e criadores do projeto na capital. O educador e videoartista teve a ideia de começar a preencher as geladeiras quando percebeu que muitos jovens da região, ainda em idade escolar, não encontravam fácil acesso aos livros. Sejam eles para estudo ou literatura. Lucas já utilizava o eletrodoméstico antigo para aproveitar o espaço em sua casa e decidiu que seria a hora de fazer uma intervenção urbana com foco educacional.

Geladeira do Livro e circulação literária

“Em um País como o Brasil em que, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil somente 56% da população tem o hábito da leitura, projetos que incentivem a população a ler são cruciais para que as verdadeiras transformações políticas possam acontecer. A informação e o conhecimento são bases sólidas de uma sociedade forte e consciente de seus direitos e deveres”, afirma o produtor.

Para o criador da Geladeira, a leitura ensina, abre portas para novas interpretações e questionamentos. Simultaneamente, para o esclarecimento e o aperfeiçoamento de técnicas. Além disso, proporciona a identificação com histórias, reais ou fictícias, das mais diversas situações, que podem inclusive inspirar resoluções de problemas.


As geladeiras se espalham por diferentes espaços

“Aquele que lê aprende também a escutar o outro, a conhecer, respeitar e debater opiniões diversas. Enfim, a leitura e a educação, certamente são o melhor e mais nobre caminho para a ascensão social”, destaca.

O impacto nos locais de instalação também costuma ser rapidamente percebido. Enfim, já que as ruas e praças se mostram mais movimentados. Elas criam  também um espaço possível para dialogar e trocar experiências a respeito das novas histórias e palavras adquiridas.

Livros no cerrado

A instalação em um novo ponto é sempre acompanhada por um dia de ação cultural. Simultaneamente, a novidade acompanha instruções sobre o uso e cuidado com a nova biblioteca. A ação cultural busca o envolvimento junto à comunidade artística do local da instalação. Enfim, a ideia é tentar sempre a colaboração de poetas, músicos, grafiteiros locais. Além dos shows, o evento pode ter contação de histórias com foco na questão da inclusão racial. Além disso, o projeto busca mostrar, na geladeira, livros de escritores locais.

A Geladeira do livro pretende agir de maneira ativa na comunidade. Com ocupação consciente dos lugares e desejo de aumentar o acesso ao conhecimento. Projetos que transmitem conhecimento e ocupação cultural sempre serão transformadores se forem mais que uma ação pontual. Acredito que a leitura e a educação são algumas das mais eficazes ferramentas de transformação cultural.

A ideia é que o projeto seja auto sustentável e que a própria comunidade possa se apropriar. Além de cuidar e replicar a ideia. O objetivo é espalhar o projeto para cada vez mais locais. Por fim, incentivar a disseminação de informações por meio dos conceitos de reaproveitamento, economia sustentável e criativa.

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