Faísca
Somos uma faísca de tempo e um instante qualquer sem razão. Somos a memória inalterada e voraz Que tenta agarrar-se à uma folha de papel em vão.
Somos, talvez, sós, o desespero do tempo de depois. Somos a dificuldade de carregar as próprias verdades Por dentro de um corpo que estampa tudo aquilo que já nos foi.
Somos o apagar das lembranças, as velhas lágrimas a se espalhar, displicentes, ao sabor da nova pele, insistente, a brotar.
Somos o largar-se de si e dos outros a passar. Somos a palavra engolida e o cheiro da vontade gasta, Somos o emaranhado das próprias sensações Que não permitimos escapar.
Somos a carne que cai. Somos ainda o pulo nas entranhas E um olho repleto de toda a verdade Que nunca nos vai.
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