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Foto do escritorIsabella de Andrade

Espetáculo Vinícius faz sucesso na capital e tem nova temporada em agosto

A cia teatral Infiltrados – Teatro de Ocupação, se empenhou para construir um trabalho de qualidade e que inova para além dos palcos. Enfim, inspirado nos versos e na musicalidade de Vinícius de Moraes, o grupo criou um espetáculo de potente diálogo com o público e mostra a eficiência de seus diálogos ao permanecer tanto tempo em cartaz na cidade.

(Fotos: Sartory Sartory e Divulgação)

Novas temporadas vem e voltam na cidade. Ambientado, principalmente, na encantadora casa do Teatro Mapati, Vinícius leva o espectador a caminhar entre a vida do poeta. Simultaneamente, embalados pelos sons que despertam amor e saudade. Durante as apresentações, três pisos e mais de dez possibilidades de acomodações criam a atmosfera.

A peça está, enfim, novamente em cartaz neste fim de semana, dias 24 e 25 de agosto.O espetáculo é muito flexível quanto ao número de integrantes, tem um custo baixo de produção e uma aceitação enorme do público.

Vinícius – Entre a canção e o poema

Esses aspectos se unem para colaborar com a longevidade da montagem. Enfim, para o grupo, a história contada permanece em cartaz eternamente. Os artistas apresentam os amores, os amigos e a obra do poeta que se aproximou do samba, do diplomata que fazia canções.

Por fim, grupo embarcou na pesquisa e criação de um cenário que remonta a época do poeta Vinicius de Moraes, regada à boemia, música, poesia, tristezas e felicidades; tendo como resultado o espetáculo. No palco, os personagens não tem nomes, são todos amigos, parceiros, familiares e contemporâneos do artista. Logo depois, a inspiração em personagens reais serviu para dar veracidade às interpretações.


“Buscamos o tom da emoção de cada lembrança e isso foi o um dos pontos interessantes no trabalho de interpretação do elenco. Tornou-os versáteis. Tivemos algumas apresentações que, devido à possibilidade de interação entre atores e plateia, o público tentava adivinhar ou buscar uma identidade e saber quem éramos nós falando naquele momento”, conta Julianna Drummond, diretora e uma das atrizes da montagem.

Abaetê Queiroz, também ator e diretor do espetáculo, lembra que a interação com o público é constante. Os mais velhos amam, ficam nostálgicos. Os mais jovens são apresentados a um universo muito vanguardista. Vinícius de Moraes é atemporal, hippie, sofisticado, desbocado, elegante e a narrativa não deixa nada de fora.

 

Duas perguntas para Julianna Drummond e Abaetê Queiroz

A peça é uma das poucas que fica em cartaz por tanto tempo na cidade, como vocês têm conseguido essa constância?

(Julianna Drummond)

Estamos sofrendo um momento bem crítico em nossa cidade com a escassez e fechamentos dos nossos tablados sagrados para levarmos ao público nossa Arte. Com isso, estamos como pouquíssimos espaços ativos, um deles é o Mapati, que nos acolhe há uns bons anos para promovermos nossas Oficinas de Teatro, além de ocuparmos para algumas apresentações das Oficinas e para a ocupação do espetáculo Vinicius que se tornou permanente ali.

É um espaço de resistência que juntos vamos resistindo com nossa arte. De mãos dadas para agregar cada vez mais pessoas interessadas em cultura e na sua manifestação.

É um grande desafio, mas nos recompensa, pois já estamos em cartaz há dois anos, sempre atingindo a lotação máxima e a frequência do público, e de fato isso não é comum. Isso nos motivas e somos muito gratos por essa parceria que se torna uma referência e uma causa comum!

Uma festa em cena

(Abaetê Queiroz)

Alguns fatores, creio eu: Primeiro por não ter interesse primordial em lucro. Assim, conseguimos apresentar a um baixíssimo custo, já que os envolvidos não precisam receber. Outra possibilidade que justifique a presença constante do público é a capacidade reduzida de trinta espectadores. O que facilita a lotação máxima de cada sessão.

O espetáculo é literalmente uma festa. Com todas as características informais de uma festa. Mediante o ingresso, você recebe um copo estilizado (souvenir). Além de bebida alcóolica e quinze artistas que te conduz a um verdadeiro show. É um ambiente boêmio. A plateia dança, canta, flerta e fica livre para contar histórias durante uma hora e meia. Talvez isto seja o mais encantador.

Pode me contar sobre a relação com o público?

(Julianna Drummond)

Acredito que, primeiramente, por ser um espetáculo inovador. Por esses aspectos da permanência, da resistência, da itinerância. Pela obra, pela dinâmica, por quem faz ele existir e se manter. Isso já é encantador e motivo de orgulho pra todos nós. Segundo, pelo público se identificar, se sentir parte dessa história! Ela nos pertence, mesmo falando desse ser humano e artista de grande relevância que foi Vinicius de Moraes. Mas ele se identifica!

E é atual, é atemporal e traz questões que precisam ser resgatadas e que estamos vivendo intensamente nesse momento. Além disso, o espetáculo permite que o público não seja apenas público, mas parte daquela história. Ele se emociona, se expressa e vivência toda a verve que proporcionamos em uma hora e meia de espetáculo. Abrimos a Casa e todos são muito bem acolhidos e taí o reflexo desse trabalho.

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