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Foto do escritorIsabella de Andrade

Dulcina Vive

Pude subir ao palco do Dulcina como intérprete em 2011, quando participava de montagens de teatro musical na cidade. Na época encenávamos Rent, o emblemático musical vencedor do prêmio Tony (o Oscar dos musicais) em 1996 e ambientado no subúrbio de Nova York. Até então, tinha acumulado experiências apresentando entre os palcos da Martins Penna e Villa Lobos (que saudade do Teatro Nacional…) e outros bem frequentados palcos da cidade, como o Sesc Garagem, Teatro Mapati e Teatro da Caixa. Nossa diretora optou pelo espaço que leva o nome de Dulcina de Moraes para receber a história de boemia, amores, desemprego, drogas e descobertas dos jovens criados por Jonathan Larson. O cenário underground do Conic criava a atmosfera ideal para receber Rent.

Estivemos em cartaz por poucos dias, como é de costume para espetáculos brasilienses, mas pude conhecer melhor o emblemático ponto de cultura bem ao centro do DF. Em 2011 o espaço ainda era visto com receio por grande parte da população e caminhávamos às escondidas pelas noites do Conic, entre malas de figurinos e acessórios. Por dentro o espaço multiplica de tamanho. Conhecemos palcos, plateias, camarins, salas de aula, corredores escuros e objetos que lembravam um antiquário. O teatro se dividia entre o glamour de outros tempos e o descaso dos anos. O legado de Dulcina de Moraes é enorme e a vivência durante os dias de apresentação nos despertou a sensação de pertencimento entre o teatro e a cidade.

Nos últimos três anos o movimento Dulcina Vive se empenhou em revitalizar e levar a comunidade outra vez ao Dulcina e ao Conic. Deu certo. Acompanhei aumentar a quantidade de público nas peças, a presença de jovens dos mais diversos lugares da cidade nas festas e comemorações, vi o nome de Dulcina aparecer entre divulgações de oficinas, encontros, ensaios fotográficos e feiras de criação. O Setor de diversões Sul atraía a comunidade e, aos poucos, perdia seu status de lugar pouco frequentado. A ideia principal dos coletivos era, e ainda é, transformar o Complexo Cultural em um espaço democrático e acessível. Mais de 36 bandas passaram pelos palcos do teatro ao longo das edições do evento Quarta Dimensão, contribuindo com a diversidade e visibilidade do espaço.

Uma série de reviravoltas administrativas coloca em risco a continuidade dos projetos e a expansão cultural do espaço. Os altos e baixo são muitos e, para quem quiser compreender melhor a situação atual da Faculdade, pode entrar aqui na página do movimento Dulcina Vive: https://www.facebook.com/dulcinavive/?fref=ts

Por hoje, não falarei outra vez dos problemas e anseios atuais da instituição (afinal, logo mais sai matéria), mas deixo aqui o registro do ato realizado por alunos, professores e artistas da cidade no Conic, nessa última quarta-feira. Entre as inúmeras preocupações com a troca de gestores, os coletivos optaram por protestar no Conic e reunir a comunidade para explicar a situação. Frente ao caos e arbitrariedade há quem opte por seguir em frente. A cultura pertence à cidade e, com fôlego, Dulcina Vive.

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