Descobrindo São Paulo – Primeiros dias
Atualizado: 5 de fev. de 2021
Não sei não, mas ouso dizer que São Paulo assusta de longe e, por tantas vezes, sabe abraçar de perto. Apesar do frio. Caminho pela cidade há duas semanas, tempo pouco, se a gente pensa na vida inteira e tempo comprido, se a gente pensa em mudança. Tem feito frio nos últimos dias e precisei aposentar, temporariamente, meus vestidos floridos e chinelos de pés abertos.
Os espaços não se ampliam tanto pelas ruas quanto em minha antiga capital, mas as calçadas tortas dão vez a uma infinidade de portas coloridas, velhas, novas e enigmáticas. As ruas são cheias de todo tipo de gente e eu ainda me assusto com a quantidade de pernas que andam sem parar. Às vezes me esbarro com algum desavisado no metrô, ainda tento manter o ritmo próprio. Outras vezes também tenho pressa, as possibilidades são tantas. Não me assusto com a cor dos dias, eles mudam tanto. Mas me assusto com a quantidade de coisas que posso fazer. São Paulo pede foco.
Refúgio em São Paulo
O estranhamento dos primeiros dias se dissipa com a organização da casa nova. E hoje sei que, independente do ritmo dos dias do lado de fora, minha mesa branca ainda permanece submersa em frente à janela de um dos quartos do apartamento. Pelo vidro, enxergo alguns prédios ao longe e, bem de frente, um grande jardim.
A árvore é cheia de pássaros e tive a sorte de ter uma rua onde os carros passam mais devagar. Perto de casa, nada de avenidas. Ao lado, dormem os gatos e sobe o cheiro farto de uma cozinha que sempre me recebe entre boas frutas e o calor do fogão. A casa se envolve e, simultaneamente, se mantém à parte do ritmo das ruas de São Paulo.
Encontro alguns refúgios com gosto de pertencimento. Descendo a rua, abro os olhos para um pequeno parque. Calçada, árvore, prédio, cachorro, janela. O sol tem se escondido mais cedo e a noite mostra que a cidade se movimenta sem parar.
No caminho de casa para o primeiro trabalho, uma infinidade de espaços culturais. Tenho teatro, museu, livraria, música, biblioteca, o pão de todo dia. Conheço poucos e, logo, posso ser qualquer um. Há tanto o que ver. Tento organizar as ideias enquanto risco as possibilidades em alguma folha de papel. Não sei ainda o que alcanço, mas me sinto feliz.
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