Calado
O tempo anda mais calado. Dias antes, me pegava pelos cabelos fazendo festa e me punha a rodopiar entre saltos enquanto tocava toda a sorte de instrumentos musicais. Era gordinho e meio rosado, tocava batuques pelo meu quintal. Mas calou-se, envergonhado. Tornou-se tímido pela incapacidade de não me tomar os dias nem jogar fora algumas antigas verdades. Está calado o tempo. Talvez endividado. Dia desses chamei-o pelo nome, gritei e lhe peguei pelos braços – que aliás andam ossudos e opacos – Perguntei-lhe o sentido das horas, o gosto dos anos, o rebolado das passagens. Respondeu-me com os olhos fechados que prestasse, eu, atenção aos intervalos. Anda mais calado o tempo. Entre esse e outro dia, anda calado.
Posts recentes
Ver tudoQuanto da gente cabe em uma porção de linhas tortas e outras tantas palavras ao léu? Tem pele que, num segundo, abriga mais que a...
Aqueles dias chegaram ensolarados, com uma carta, que me parecia De aceitação. Eu me lembro de retirar o lacre Cuidadosamente Pois me...
Commentaires