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Foto do escritorIsabella de Andrade

As Despedidas, Carina Bacelar

O livro da Carina é uma surpresa tão grata, ainda mais quando sabemos que a publicação foi toda independente, com cada detalhe e cada etapa pensada pela autora, mostrando o quanto é importante (e satisfatório) abrir essas primeiras portas. ⠀

Carina Bacelar faz um mergulho de imagens criadas com facilidade no cotidiano e enxergo paisagens de cidades que se transformam pelo olhar de quem experimenta caminhar a pé pelas ruas e pelo corpo que senta na praia e descobre um tanto mais da própria presença através da ausência que enxerga no outro.⠀

E a leitura se mistura um pouco na percepção de que poderiam ser histórias de mulheres diferentes e ausências tão internas e tanta gente e também histórias que se conectam e poderiam ser todas da mesma mulher. ⠀

Essa percepção ficou ainda mais clara depois de ver Carina me falar sobre o livro, quando diz que a ideia inicial era ser um livro de contos, mas logo depois a percepção foi de que a voz que contava aquelas histórias era a mesma, com os mesmos medos e questões.⠀

“Era a mesma pessoa e, ao mesmo tempo, não era. Quando tive esse estalo, comecei a perceber que outras histórias orbitavam a vida dessa personagem, e comecei a escrevê-las, já pensando em um livro, em um todo. Mas acho que o livro só se tornou livro mesmo na reescrita, quando aparei algumas arestas e pensei em unidades, em repetições, em padrões”, destaca Carina.⠀

A leitura me leva um tanto a esse⠀lugar de começar, finalizar e saber deixar vir a partida, saber deixar o corpo ir e talvez a vida seja um tanto disso, aprender a entender onde é o início, o impulso, o meio e o fim das coisas. ⠀

A escrita da Carina e fluida e parece levar a gente num mergulho feito água, tateando hora pela beirinha da praia, com os pés molhados, mas ainda pisando na areia e hora com o corpo inteiro submerso, quando o respiro para a partida é ainda maior.⠀

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