Ao vento
Fugi do sol e parei outra vez na parte mais silenciosa e isolada do todo, dentro do bosque, uma espécie de fuga fresca da realidade quente que soprava ali fora. Alguns minutos de silêncio e a certeza esmagadora de que somos completamente finitos, poderia acabar ali, em um sopro de tempo, em alguns segundos descompassados que teimavam em me fazer pensar ser parte insubstituível daquele universo. Muda uma única palavra de lugar e pronto, acabou-se. O som é outro, a palavra é outra, o olho é o outro, a pessoa é outra que nunca nem ao menos se soubera. Algum bocado de tempo anterior havia nos dado uma falsa ideia de plenitude. Passou. Evaporou como um pingo d´água na terra quente que rodeia a cidade. Éramos pontos excessivamente reais, humanos, errôneos e sinceros perdidos no tempo. Fechei outra vez os olhos, ali a falta de barulho era capaz de esmagar qualquer estômago forte. Solta, soprada ao vento, era outra vez Maria. Não existem amores a quem duvida da sorte.
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