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Foto do escritorIsabella de Andrade

Afinal

Ouço o som de quando penso que não somos nada e em seguida acordo com um apetite voraz. O amor nos possibilita estarmos novamente cheios de sede de ser algo que possibilite permanência. E deveríamos ser? Ou estaríamos apenas famintos por alguma outra sensação que nos desperte? Como nos seria possível chegar ao fim sem ao menos antes dar início aos meios? Nos atemos ao princípio e perdemos toda possibilidade de pertencer a alguma, por mais breve que fosse, memória inesgotável de instante preenchido. O último segundo nos foi carregado de um suspiro que tinha certeza plena de estar no princípio de todas as sensações. Sentimos a sede que pulsa apenas aos que não se permitem permanecer. E antes que nos fosse possível tomar um porre cheio de expectativas finais, nos deixamos engolirem o próprio meio. Nos engoliram, afinal.

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