A força d´a Cor Púrpura
É através de cartas narradas em linguagem simples e pessoal, quase todas iniciadas pela prece solitária que busca um “Querido Deus”, que conhecemos a história de Celie, uma mulher negra, subjugada ao marido, vivendo na racista América do início do século passado. O romance, que coloca em pauta a dignidade, a força e a solidão de uma mulher que vivia em uma pequena cidade na Geórgia (EUA), ganhou o Prêmio Pulitzer de Ficção em 1983 e foi adaptado para o cinema pelas mãos de Steven Spielberg, com interpretações emocionantes de Whoopi Goldberg e Oprah Winfrey. Através das cartas, Celie encontra um espaço íntimo para compartilhar sua tristeza e manter a própria sanidade, sem deixar-se consumir pela solidão que lhe é imposta, em um mundo em que nunca pode ser ouvida. Mais uma vez, encanto-me com a possibilidade de perceber o ato da escrita como uma das grandes portas para a descoberta de si e da força que emana de cada um, sem que haja a dependência do outro.
Celie chega a despertar indignação do leitor ao demonstrar tamanha conformidade com a brutalidade a que é submetida, é um personagem feminino que representa uma mulher que tinha tudo para ser nada, mas mostra que, ainda assim, é possível ser forte, não perder a doçura e a esperança. As cartas chegam em uma linguagem simples, crua e carregadas de um abismo que representa a condição extremamente desfavorável dos negros, principalmente das mulheres, na época em que são escritas. Naquela sociedade, a violência física contra a mulher é tolerada e estimulada, como forma de impor respeito e controlar o comportamento. Em um acesso de raiva contra Celie, Albert verbalizou a maneira como as mulheres são vistas na comunidade: “Você é negra, pobre, mulher, você não é nada”.
Alice Walker militava pelos direitos civis dos afro-americanos desde os tempos da faculdade e em suas primeiras obras, ela procura retratar a opressão sofrida pelas mulheres negras e pobres do início do século XX. A Cor Púrpura é seu romance mais conhecido e é considerada uma obra importante para entender as condições das mulheres naquele tempo.
A Cor PúrpuraTítulo Original: The Color Purple Elenco: Whoopi Goldberg , Danny Glover, Adolph Caesar, Margaret Avery Direção: Steven Spielberg Gênero: Drama Estréia: 1995
Sinopse
Em 1906, em uma pequena cidade da Georgia, sul dos Estados Unidos, a quase adolescente Celie, violentada pelo próprio pai, torna-se mãe de duas crianças. Separada dos filhos, Celie (Whoopi Goldberg, que foi indicada ao Oscar de melhor atriz por este filme em 1985), é doada à Mister (Danny Glover, de Máquina Mortífera), que a trata como companheira e escrava ao mesmo tempo. Cada vez mais calada e solitária, Celie passa a compartilhar sua tristeza em carta. Baseado no livro de Alice Walker, A Cor Púrpura recebeu 11 indicações ao Oscar em 1985 e já é considerado um clássico do cinema. Ao recriar 40 anos de crises emocionais na vida de vários personagens, o diretor Steven Spielberg (O Império do Sol) fez o filme mais desafiante de sua carreira, capaz de despertar fúria, risos e lágrimas.
Filme
O filme de 1986, da Warner Bros Studio, foi baseado no livro homônimo de Alice Walker e dirigido por Steven Spielberg.
Texto meu publicado no site Homo Literatus: http://homoliteratus.com/forca-da-cor-purpura/
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