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Foto do escritorIsabella de Andrade

50 Poemas de Revolta para tempos de resistência

Tem sido bem bonito acompanhar as redes sociais hoje. Independente dos resultados das eleições é bom demais perceber que tanta gente acredita no poder transformador da leitura. O porte de livros e poemas pode mudar realidade, expandir ideias, estimular o pensamento crítico, aproximar pessoas e proporcionar caminhos mais distantes da violência. Assim creio eu. Enfim, vejo que assim crê boa parte das pessoas que me rodeiam e que decidiram sair para votar acompanhadas de um livro entre as mãos. A realidade é assim, por vezes nos pede coragem para enfrentar os receios e, por outras, nos pede sorriso para abraçar as boas iniciativas.

Enquanto acompanhava a movimentação, lembrei-me da leitura de um pequeno livrinho de poesia: 50 poemas de revolta, publicado recentemente pela companhia das letras. O título reúne, enfim, 34 poetas brasileiros, entre clássicos e contemporâneos, que abordam diferentes questões da ordem do cotidiano. Entre os grandes autores, figura Nicholas Behr, que presenta a poesia de Brasília.

Poemas de revolta


Os poemas trazem um emaranhado de poemas corajosamente revoltosos. Autoritarismo, opressão, racismo, gênero, intolerância e ódio. Há muito que nos cause revolta e a literatura pode ser um entre tantos caminhos para iniciar a mudança. Entre as páginas, a poesia revela esperança, desânimo, apatia e revolução. A antologia é um convite para aproveitar a leitura enquanto navegamos pela indignação do passado que se mistura com a repetição do presente e a possibilidade de mudança que esperamos construir para o futuro.

Na obra, assim como no ato de hoje, que espalha a ideia de nos armarmos com livros, a literatura cumpre o papel de retratar o seu tempo. Há tanta esperança e desejo de mudar a partir daquilo que se lê. É esse um dos pontos que tanto me emociona nas palavras. Podemos seguir assim, juntos, entre prosa e poesia, mantendo forte o desejo de chegarmos fortes e cheios de sorriso cada vez mais longe.

Deixo aqui o poema de Oswald de Andrade que figura, ironicamente, na página 117.

“Alerta

Lá vem o lança-chamas

Pega a garrafa de gasolina

Atira

Eles querem matar todo amor

Corromper o polo

Estancar a sede que eu tenho d´outro ser

Vem de flanco, de lado

Por cima, por trás

Atira

Atira

Resiste

Defende

De pé

De pé

De pé

O futuro será de toda a humanidade.”

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